10.12.05

Talentos e artes

Eu não sei trautear uma canção até fim,
tocar uma nota que seja de um qualquer instrumento,
encaixar palavras em versos que façam sentido,
fotagrafar para além do óbvio,
cozinhar algo que outros possam achar comestível,
desenhar para além dos rabiscos que ficaram da infância,
dar dois passos de dança certos,
pintar sem borratar,
esculpir o mais simples objecto,
contar histórias,
ou sequer declamar,
mas se fosse talentoso nunca iria desistir de o querer mostrar,
para partilhar com outros que não sendo possam sentir as artes.

8.12.05

Ainda a derrota de Alberto Souto

Por muito fair-play político que Alberto Souto tente evidenciar, aceitando democraticamente a derrota eleitoral, sente-se que o ex-autarca não digeriu totalmente o fracasso da recandidatura ao terceiro mandato e terá ainda contas por ajustar.
Depois de uma homenagem que lhe foi feita num registo sóbrio mas significativo adiantou algumas das razões que terão contribuido para o desfecho inesperado das eleições de 9 de Outubro passado.
O ex-presidente apontou, entre outros motivos possíveis, "erros nossos" (do próprio ? Da Câmara então em funções ? Do PS local ?) que não explicitou. Não querendo relativizar os factores externos, as falhas próprias terão sido mais determinantes para a penalização sofrida.
Como o antigo presidente da Câmara Girão Pereira tantas vezes gosta de dizer, "é preciso dar muito carinho às pessoas". Élio Maia usou aquele ensinamento durante vários mandatos em S. Bernardo e depois na campanha. Hoje é ele que lidera o município.
Souto foi capaz de gerar essa empatia aquando da primeira candidatura. Aveiro ganhou uma dinâmica nova. Mas o executivo socialista do último mandato esqueceu-se para quem governava. E na hora de votar, foram os eleitores que não se lembraram de quem os governava. A (muita) obra feita não valeu para garantir a reeleição. Pelo contrário, nalguns casos só atrapalhou.

Tributo a Alberto Souto

Uma homenagem ao homem e à obra. Acho que é merecida.

7.12.05

Blogues e partidos

O PSD de Águeda teve um bom começo na oposição camarária.
Por cá, esperava-se mais dos eleitos do PS do que ordens de trabalho de reuniões de Câmara.
E não se entende o que leva Élio Maia a dar o nome a isto. Se o novo presidente não tem tempo para escrever é melhor não o deixar por conta de terceiros que, ainda por cima, apenas fazem uma revista de imprensa de notícias e só às referências mais favoráveis.

6.12.05

OTA & TGV

Ainda não há programa definitivo mas já se sabe que a cimeira “TGV: A Nova Rede de Alta Velocidade Aveiro – Salamanca, o novo Aeroporto da OTA e os seus interesses estratégicos de Portugal” contará com algumas das vozes que mais contestam as opções do Governo PS naquelas matérias.
A Câmara de Aveiro resolveu dar mais alguma chama a este lobbie.
Só é pena, e estranho, que não esteja ninguém do elenco governamental (nem o Governador Civil ?!) para responder às críticas.
A dois dias do Governo apresentar o programa do TGV, a cimeira teria um protagonismo ainda maior.

Empréstimos e factoring

Esta notícia por um lado prova que a Câmara de Aveiro ainda tem capacidade de endividamento e, por outro, avaliza como boa a estratégia de Alberto Souto para aliviar o passivo. "Tantas críticas e agora seguem o mesmo caminho", deve ter pensado o ex-autarca.

5.12.05

Soares surpreendente

Soares é a surpresa da campanha presidencial.
Surpreendeu ao anunciar a candidatura. Surpreende pela energia dos seus 80 (quase 81) anos.
"Cavaco é que está com ar envelhecido", comentava um jovem apoiante socialista hoje durante a jornada de Aveiro.
Soares fez campanha na cidade durante nove horas e saiu com o mesmo ar com que chegou.
O programa correu bem, com uma mãozinha de fiéis socialistas da Universidade.
A parte mais política foi, ao fim da tarde, na inauguração da sede de campanha da cidade onde o PS marcou presença em força.
Notas para o regresso à ribalta de José Mota. O autarca de Espinho é director distrital da campanha e pode estar a espreitar novamente voltar à liderança da Federação do PS após a demissão de Alberto Souto. O ex-autarca veio a Aveiro para cumprimentar Soares à hora do almoço mas não acompanhou o resto do programa.

Roupa suja


Pelo que se lê e ouve, a mudança de maioria na Câmara de Aveiro está a servir para lavar muita roupa suja.
Nenhuma surpresa. Afinal, é a tarefa a que os políticos, habitualmente, mais se gostam de dedicar nos primeiros momentos de alternância de poder.

4.12.05

Jerónimo de Sousa

Jerónimo de Sousa não precisou de despir a ortodoxia para dar uma alma nova ao PCP. Isso nota-se dentro e fora do partido.
O secretário-geral soube criar empatia, mas impõe-se pelo seu carisma. Um mix indispensável no marketing político.
Ao olhar para o salão dos bombeiros Novos de Aveiro repleto de apoiantes (notou-se, naturalmente, a mobilização do PCP e dos sindicatos afectos), o candidato presidencial mostrou-se surpreendido. Nada parecido com o que aconteceu há dez anos, aquando da sua primeira candidatura, comparou.
Os apoiantes garantem que Jerónimo de Sousa vai "até ao fim" e assim contribuir para a "derrota da direita". E nem querem discutir mais a hipótese de desistência sem ir a votos. O risco é grande mas candidato e partido parecem determinados em chegar à segunda volta.