15.9.06

Dívidas

Apesar do seu low profile, o vice-presidente da Câmara de Aveiro assume, ao contrário do líder do município, posições marcadamente políticas e, por vezes, até partidárias.
Carlos Santos voltou a escrever nos jornais. E faz bem.
Contra o que o próprio Élio Maia garantira, temos aí na praça pública a famosa auditoria. Números e comentários menos abonatórios para a gestão anterior vão sendo soltos. Agora até pela via mais oficial, de um elemento da Câmara.
Se o efeito pretendido é baixar o tom das críticas da oposição camarária, não sei se resultará.
De qualquer forma, é bom saber-se, exactamente, qual foi a herança deixada por Alberto Souto a troco do Euro 2004 que, vale a pena lembrar, não deixou ficar apenas as dívidas do estádio que todos os partidos aprovaram. O efeito promocional da cidade não teve preço.
Os socialistas devem guardar o escrito mais recente de Carlos Santos. Para aprenderem como não se deve gerir uma Câmara. Mas também porque no final do mandato vai ser útil. É que da forma como as autarquias são geridas neste País, o balanço a cada período eleitoral é sempre dominado pelas contas da coluna do passivo que, normalmente, vai crescendo. A argumentação da IGS agora usada ainda pode vir a ser útil para outro filme.

Escolas a tempo inteiro

As escolas agora querem-se a tempo inteiro com prologamentos de horários e actividades de enriquecimento curricular.
São as expressões que mais temas de conversa suscitam por estes dias de regresso às aulas com alguns papás e mamãs ainda mais nervosos do que os filhos que entram na escola pela primeira vez.
No meu tempo de primária, não existia nada disto. Era improvisado, com desvios pelos campos e brincadeira farta até chegar a casa. Os resultados pedagógicos seriam reduzidos, mas a escola da vida faz-se dessas e de muitas outras coisas extra-curriculares.
Os tempos mudaram. E o Governo PS quis pôr o País educativo a um ritmo supostamente mais evoluído e com crianças a falar inglês, antes mesmo de saberem a língua materna !
Querer é um bom princípio mas não basta. É necessário dinheiro para pagar os custos.
E o ministério da Educação parece dar pouco para o que vai receber.
Se não fossem as autarquias, os ATL´s públicos e privados, assim como os pais, não daria para o brilharete.
Os prolongamentos colocam a nu as grandes dificuldades de muitas escolas públicas, antigas e mais recentes, que não têm a capacidade de resposta que o desafio governamental coloca, por falta de condições físicas e humanas.
É o caso de uma das últimas a ser inaugurada em Aveiro. Quase não têm fundo de maneio para fotocópias (e são as crianças que levam papel), a cantinha funciona no laboratório com as refeições pré-cozinhadas no dia anterior e o acesso do portão até ao edifício ficou sem resguardo para a chuva, eventualmente por defeito de arquitectura.
O mais importante será, no entanto, arrancar com isto. Para que as crianças aprendam e nós estejamos descansados.

12.9.06

O que é que a Feira tem ?

O que atrai tanta gente a ir viver para Santa Maria da Feira , não tendo raízes familiares ou actividade profissional naquele concelho?
Conheço três casais nestas situações. Não trabalham, nem têm família por lá.
O bonito castelo merece uma visita mas não é motivo suficiente para escolher poiso.
Será pelo Europarque ? Talvez não.
O Imaginarium, o festival de cinema brasileiro do Cineclube e a Viagem Medieval talvez sejam argumentos mais fortes para quem leva em conta a vida cultural.
Não esquecer o hospital S. Sebastião.
Dizem-me, ainda, que os preços das casas são atractivos.
Acho, contudo, que as grandes vantagens residem, por um lado na sua localização central, e, por outro, nos acessos rodoviários (com um nó da A1 em plena cidade e o IC1 também à mão).
Perto de Aveiro, mais perto do Porto e a meio caminho de outros tantos destinos regionais.

10.9.06

Jornadas da Ria

Ribau Esteves causou um momento de frisson na abertura das I Jornadas da Ria ao dizer que a “primeira reacção” que teve quando recebeu o convite para os trabalhos foi “recusá-lo liminarmente”.
A explicação do presidente da AMRIA acabou por afastar qualquer controvérsia que poderia manchar os bons propósitos do evento organizado pela Câmara de Aveiro.
O convite trouxe à memória do activo autarca ilhavense o primeiro congresso da Ria, em Abril de 2004, que conseguiu trazer a Aveiro o então Primeiro-Ministro Durão Barroso para anunciar a criação de uma entidade gestora da Ria. O compromisso ainda passou a decreto só que a saída do ex-líder do PSD para a Comissão Europeia inviabilizou uma primeira promulgação do Presidente da República. Depois aconteceu o mesmo com a queda do Governo de Santana Lopes. “Foi a inconsequência total”, lamentou Ribau Esteves.
O presidente da AMRIA defendeu para a Ria de Aveiro projectos turísticos "com dimensão", por exemplo na náutica de recreio, mas desta vez não falou na controversia em torno da Marina da Barra.