É o mais recente inquilino do prédio ao lado. Chega pela noitinha e sai ao raiar da manhã. Não é daqueles vizinhos chatos.
A verdade é que não se deixa ver. Envergonhadamente, vira o rosto para a parede.
Abrigado do relento, repousa o corpo em cima de cartões usados como cama improvisada que, há alguns dias, faz e desfaz com raro zelo.
O vulto debaixo dos cobertores já deixou de assustar quem passa.
E entre vizinhos, como se sabe, até é normal não se falar muito.
Como ele, encontramos pela cidade alguns (felizmente poucos) homens e mulheres sem abrigo.
Numa perspectiva simplista, não faz sentido que tal aconteça. Aveiro tem um movimento social forte que até já dá respostas a este nível, providenciando tecto, apesar das muitas solicitações para tão escassos meios. Mas talvez seja necessário fazer algo mais, ir às ruas e evitar que o frio da noite esmoreça ainda mais o sentido da vida desta gente como nós.
13.12.06
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1 comentário:
Oportuno. Subscrevo.
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